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Por tanto se você achar que o texto é diferente do que diz o vídeo, é bem provável que tenham vindo de fontes diferentes.

Especial Chico Science Mangue Star [Documentário Completo]

26 junho 2012 0 comentários





Programa Especial Toda Música exibe o documentário Chico Science Mangue Star, Produzido pela TV Viva e TV Jornal.

Este programa conta um pouco da História de Chico Science.

Ornitorrinco, o sobrevivente silencioso

15 junho 2012 0 comentários

- Assistir agora -

O ornitorrinco (nome científico: Ornithorhynchus anatinus, do grego: ornitho, ave + rhynchus, bico; e do latim: anati, pato + inus, semelhante a: "com bico de ave, semelhante a pato") é um mamífero semiaquático natural da Austrália e Tasmânia. É o único representante vivo da família Ornithorhynchidae, e a única (a) espécie do gênero Ornithorhynchus (b). Juntamente com as equidnas, formam o grupo dos monotremados, os únicos mamíferos ovíparos existentes. A espécie é monotípica.

O ornitorrinco possui hábito crepuscular e/ou noturno. Carnívoro, alimenta-se de insetos, vermes e crustáceos de água doce. Possui diversas adaptações para a vida em rios e lagoas, entre elas as membranas interdigitais, mais proeminentes nas patas dianteiras. É um animal ovíparo, cuja fêmea põe cerca de dois ovos, que incuba por aproximadamente dez dias num ninho especialmente construído. Os monotremados recém-eclodidos apresentam um dente similar ao das aves (um carúnculo), utilizado na abertura da casca; os adultos não possuem dentes. A fêmea não possui mamas, e o leite é diretamente lambido dos poros e sulcos abdominais. E os machos possuem esporões venenosos nas patas, que são utilizados principalmente para defesa territorial e contra predadores. Possui uma cauda similar a de um castor.

As características atípicas do ornitorrinco fizeram com que o primeiro espécime empalhado levado para a Inglaterra fosse classificado pela comunidade científica como um embuste. Hoje, ele é um ícone nacional da Austrália, aparecendo como mascote em competições e eventos e em uma das faces da moeda de vinte centavos do dólar australiano. É uma espécie pouco ameaçada de extinção. Recentes pesquisas estão sequenciando o genoma do ornitorrinco e pesquisadores já descobriram vários genes que são compartilhados tanto com répteis como com as aves. Mas cerca de 82% do seus genes são compartilhados com outras espécies de mamíferos já sequenciadas, como o cachorro, a ratazana e o homem.

Distribuição geográfica e habitat

O ornitorrinco é endêmico da Austrália, onde é encontrado no leste de Queensland e Nova Gales do Sul, no leste, centro e sudoeste de Victoria, Tasmânia, e Ilha King. Foi introduzido no extremo oeste da ilha Kangaroo, entre 1926 e 1949, onde ainda mantém uma população estável. A espécie está extinta na Austrália Meridional, onde era encontrada nas Colinas de Adelaide e na Cordilheira do Monte Lofty.
A espécie é dependente de rios, córregos, lagoas e lagos. A distribuição geográfica mostra considerável flexibilidade tanto na escolha do habitat quanto na adaptabilidade a uma variação de temperatura. A espécie é capaz de enfrentar tanto as altas temperaturas das florestas tropicais de Queensland, como áreas montanhosas cobertas por neve em Nova Gales do Sul. A distribuição atual do ornitorrinco mudou muito pouco desde a colonização da Austrália, e continua a ocupar grande parte de sua distribuição histórica.

Características

Esqueleto de um ornitorrinco.

O ornitorrinco tem um corpo hidrodinâmico e comprimido dorsoventralmente. Os membros são curtos e robustos, e os pés possuem membrana interdigital. Cada pé tem cinco dígitos com garras. A cauda é semelhante à de um castor. O focinho, que lembra um bico de pato, é alongado e coberto por uma pele glabra, macia, úmida e encouraçada; ele é perfurado sobre toda sua superfície por poros com terminações nervosas sensitivas. As narinas também se abrem no focinho, na sua metade dorsal superior, e estão posicionadas lado a lado. Os olhos e as orelhas estão localizados em um sulco logo após o focinho, esse sulco é fechado por uma pele quando o animal está sob a água. A idéia de que o ornitorrinco tinha um bico córneo como o das aves surgiu do exame de espécimes ressecados. Os órgãos olfatórios não são tão desenvolvidos quanto nas equidnas. E a espécie não tem orelhas externas ou pina.
Tanto o peso quanto o comprimento variam entre os sexos, sendo o macho maior que a fêmea. Há também uma variação substancial na média de tamanho de uma região a outra, esse padrão não parece estar relacionado a nenhum fator climático, e pode ser devido a outros fatores ambientais como predação e pressão humana.
O corpo e a cauda do ornitorrinco são cobertos por uma densa pelagem que captura uma camada de ar isolante para manter o animal aquecido. A coloração é âmbar profundo ou marrom escuro no dorso, e acinzentado a castanho amarelado no ventre. A cauda é usada como reserva de gordura, uma adaptação também vista em outros animais, como no diabo-da-tasmânia e na raça de ovelha, Karakul. As membranas interdigitais são mais proeminentes nos membros dianteiros e são dobradas quando o animal caminha em terra firme. Ornitorrincos emitem um rosnado baixo quando ameaçados e uma gama de outras vocalizações tem sido reportadas em cativeiro.
O ornitorrinco tem uma média de temperatura corporal de cerca de 32 °C, ao invés dos 37 °C dos placentários típicos. Pesquisas sugerem que essa temperatura foi uma adaptação gradual as condições ambientais hostis, em parte pelo pequeno número de monotremados sobreviventes em vez de uma característica histórica da ordem.

O espécime adulto não possui dentes, entretanto, os filhotes possuem dentes calcificados, pequenos, sem esmalte e com numerosas raízes; os três molares com cúspides presentes são pseudo-triangulados. Nos adultos, os dentes são substituídos por uma placa queratinizada tanto na mandíbula como na maxila, que cresce continuamente. O Ornithorhynchus possui algumas características craniais primitivas, entre elas a retenção das cartilagens escleróticas e do osso septomaxilar do crânio. No esqueleto pós-craniano, ocorre retenção das vértebras cervicais (rudimentares) e dos ossos coracóide e interclavicular da cintura escapular, condições essas que são similares aos répteis.
O macho tem esporões nos tornozelos, que produzem um coquetel venenoso, composto principalmente por proteínas do tipo defensinas (DLPs), que são únicas do ornitorrinco. Embora poderoso o suficiente para matar pequenos animais, o veneno não é letal para os humanos, mas pode causar uma dor martirizante e levar à incapacidade. Como somente os machos produzem veneno e a produção aumenta durante o período de acasalamento, é teorizado que ele seja usado como arma defensiva para afirmar dominância durante esse período.

Hábitos

Ornitorrincos são animais semiaquáticos e primariamente noturnos ou crepusculares. Quando não estão mergulhando em busca de alimento, descansam em buracos feitos nas margens dos rios e lagos, sempre camuflados com vegetação aquática. Há dois tipos de tocas, uma serve como abrigo para ambos os sexos e é construída pelo macho na época de acasalamento; a outra, geralmente mais profunda e elaborada, é construída pela fêmea e serve como ninho para a incubação dos ovos e cuidados pós-natais. As aberturas das tocas ficam acima da água, e se estendem sob as margens de 1 a 7 metros acima do nível da água e até por 18 metros horizontalmente. O território dos machos tem cerca de sete quilômetros, sobrepondo a área de três a quatro fêmeas.
É um excelente mergulhador e gasta boa parte do dia procurando por comida sob a água. Singularmente entre os mamíferos, ele se impulsiona ao nadar alternando remadas com as duas patas dianteiras; embora todas as quatro patas do ornitorrinco tenham membranas, as traseiras (mantidas contra o corpo) não auxiliam na propulsão, mas são usadas para manobrar em combinação com a cauda. Os mergulhos normalmente duram cerca de trinta segundos, mas podem durar até mais, não excedendo o limite aeróbico de quarenta segundos. Dez a vinte segundos são gastos para retornar à superfície.
Sobre a longevidade, ornitorrincos selvagens já foram recapturados com onze anos e, em cativeiro, a espécie vive até dezessete anos. A taxa de mortalidade, em adultos, na natureza é aparentemente baixa. Os predadores naturais incluem aves de rapina, serpentes, além de cães, gatos, raposas-vermelhas e o homem. A introdução da raposa-vermelha como predadora do coelho pode ter tido um impacto na população de ornitorrincos na Austrália. Um baixo número de ornitorrincos na região norte de Queensland pode ser devido a presença do crocodilo-poroso (Crocodylus porosus).

Hábitos alimentares e dieta

ornitorrinco se alimentando

Possui hábitos alimentares carnívoros, se alimentando de anelídeos, larvas de insetos aquáticos, camarões de água doce, girinos, caramujos, lagostins de água doce e pequenos peixes, que ele escava dos leitos dos rios e lagos com seu focinho ou apanha enquanto nada. As presas são guardadas nas bochechas a medida que são apanhadas, e quando um número suficiente é reunido, ou quando é necessário respirar, ele retorna a superfície para comê-las. A mastigação é feita pelas placas córneas que substituem os dentes, e a areia contida junto com o alimento serve de material abrasivo, ajudando no ato de mastigar.
O animal precisa comer 20% do seu peso todos os dias, esse requerimento faz com que ele gaste 12 horas por dia procurando por comida. Em cativeiro, ele chega a comer metade do seu peso em um único dia, um macho pesando 1.5 quilogramas pode ingerir 45 gramas de minhocas, 20-30 lagostins, 200 larvas de tenébrios, dois sapos pequenos, e dois ovos cozidos.

Reprodução

Gravura representando um casal de ornitorrincos.

A espécie exibe uma única estação de acasalamento, que ocorre entre junho e outubro, com algumas variações locais. Observações históricas, estudos de marcação e recaptura, e investigações preliminares de genética populacional indicam a possibilidade de membros transitórios e residentes na população e sugerem um sistema de acasalamento polígeno. Ambos os sexos se tornam sexualmente maduros no segundo ano de vida, mas algumas fêmeas só se reproduzem com quatro anos ou mais tarde. Todos os monotremados apresentam baixa taxa reprodutiva - não mais do que uma vez ao ano.

Após o acasalamento, a fêmea constrói um ninho, mais elaborado que a toca de descanso, e o bloqueia parcialmente com material vegetal (que pode ser um ato de prevenção contra enchentes ou predadores, ou um método de regulação de temperatura e umidade). O macho não participa da incubação, nem do cuidado com os filhotes. A fêmea forra o ninho com folhas, junco e outros materiais macios, para fazer uma cama confortável.
A fêmea do ornitorrinco tem um par de ovários, mas somente o esquerdo é funcional. Ela põe de um a três ovos (geralmente dois) pequenos, de aspecto semelhante ao dos répteis (pegajosos e com uma casca coriácea), com cerca de onze milímetros de diâmetro e ligeiramente mais arredondados que o das aves. Em proporção, os ovos dos monotremados são muito menores, na ovulação, do que os dos répteis ou aves de tamanho corpóreo similar. Os ovos se desenvolvem "no útero" por cerca de 28 dias, e são incubados externamente por cerca de dez a doze dias.
Ao contrário da equidna, o ornitorrinco fêmea não tem uma bolsa, por isso coloca o seu corpo em volta dos ovos a fim de incubá-los. O período de incubação é separado em três fases. Na primeira, o embrião não tem órgãos funcionais e depende da gema para sua manutenção. Durante a segunda, há formação dos dígitos, e na última, há a formação dos dentes, que vão ajudar a romper a casca do ovo.
Os filhotes recém eclodidos são vulneráveis, cegos, e pelados, com cerca de 18 milímetros de comprimento, e se alimentam do leite produzido pela mãe. Embora possua glândulas mamárias, o ornitorrinco não possui mamas. O leite escorre através dos poros na pele, depositando-se em sulcos presentes no abdômen da fêmea, permitindo os filhotes lamberem-no. A amamentação ocorre por três a quatro meses. Durante a incubação e a amamentação, a fêmea somente deixa o ninho por curtos períodos de tempo para se alimentar. Quando sai, a fêmea cria inúmeras barreiras com solo e/ou material vegetal para bloquear a passagem do túnel que leva ao ninho, evitando assim o acesso de predadores, como serpentes e o roedor, Hydromys chrysogaster. Depois de cinco semanas, a mãe começa a passar mais tempo fora do ninho, e por volta dos quatro meses, os filhotes já emergem da toca.

Classificação

História taxonômica

Quando o ornitorrinco foi descoberto pelos europeus em 1798, uma gravura e uma pelagem foram enviadas de volta ao Reino Unido pelo Capitão John Hunter, o segundo governador de Nova Gales do Sul. Os cientistas britânicos primeiramente estavam convencidos que se tratava de uma fraude. O zoólogo George Shaw, que produziu a primeira descrição do animal em 1799, dizia que era impossível não se ter dúvidas quanto à sua verdadeira natureza, e outro zoólogo, Robert Knox, acreditava que ele podia ter sido produzido por algum taxidermista asiático. Pensou-se que alguém tinha costurado um bico de pato sobre o corpo de um animal semelhante a um castor. Shaw até mesmo tomou uma tesoura para verificar se havia pontos na pele seca.
George Shaw inicialmente o descreveu como Platypus anatinus, independentemente, Johann Friedrich Blumenbach, em 1880, a partir de uma amostra dada a ele por Sir Joseph Banks, descreveu o ornitorrinco, como Ornithorhynchus paradoxus. Como o gênero Platypus já estava pré-ocupado por um besouro coleóptero, e seguindo as regras da prioridade, o ornitorrinco foi então nomeado de Ornithorhynchus anatinus.

Ornitorrinco taxidermizado no Museu de História Natural de Londres.

Filogenética
Por causa da divergência inicial dos térios e do baixo número de espécies viventes, os monotremados são frequentes objetos de pesquisas evolucionárias moleculares. Em 2004, pesquisadores da Universidade Nacional da Austrália descobriram que o ornitorrinco tem dez cromossomos sexuais, comparados aos dois (XY) da maioria dos outros mamíferos (sendo assim o macho é representado por XYXYXYXYXY). Embora tenham a designação XY dos mamíferos, os cromossomos sexuais do ornitorrinco são mais similares aos cromossomos ZZ/ZW encontrados nas aves. A espécie também não possui o gene determinante sexual (SRY), significando que o processo de determinação sexual no ornitorrinco permanece desconhecido. Uma versão inicial da sequência genômica do ornitorrinco foi publicada na revista Nature em 8 de maio de 2008, revelando elementos reptilianos e mamíferos, como também dois genes encontrados previamente em aves, anfíbios e peixes. Mais de 80% dos genes do ornitorrinco são comuns aos demais mamíferos cujo genoma já foi sequenciado, demonstrando que o grupo dos monotremados foi um dos primeiros a divergir de seus ancestrais reptilianos.

Ornitorrinco no Aquário de Sydney.

Esta mistura fascinante dos traços no genoma do ornitorrinco traz muitos indícios sobre o funcionamento e a evolução de todos os genomas de mamíferos.

Richard Wilson, diretor do Centro de Genoma da Universidade de Washington (2008)

O genoma do ornitorrinco (Ornithorhyncus anatinus), assim como o próprio animal, apresenta um amálgama de características que pertencem a um réptil ancestral e são derivadas de mamíferos.

Wesley Warren et al., Nature (2008)

Conservação

Pintura de John Lewin (1808) retratando um ornitorrinco.

O ornitorrinco é classificado pela IUCN (2008) como pouco preocupante. Exceto pela perda de habitat que ocorreu no estado da Austrália Meridional, ele ocupa a mesma distribuição original, antes da chegada dos europeus. Sua abundância atual e histórica, porém, é pouco conhecida e é provável que tenha diminuído em número, embora ainda considerado como uma espécie comum durante na maior parte da distribuição atual. A espécie foi extensivamente caçada pela sua pele até os primeiros anos de século XX e, embora protegida em toda Austrália em 1905, até cerca de 1950 ainda corria risco de afogamento nas redes de pesca nos rios.
A espécie não parece estar em perigo iminente de extinção graças à medidas de conservação, mas pode ser afetado pela quebra de habitat causada por barragens, irrigação, poluição, redes e armadilhas. Sua abundância é difícil de ser medida e, portanto, o seu futuro "status" de conservação não é facilmente previsível. Vários estudos têm relatado a fragmentação da distribuição dentro de alguns sistemas fluviais, recentemente foi extinto da bacia do rio Avoca. Isso tem sido atribuído às más práticas de gestão, levando à erosão dos bancos dos rios, sedimentação dos corpos d'água e perda da vegetação em áreas adjacentes a cursos de água. Também existem atualmente evidências de efeitos adversos no fluxo dos rios, introdução de espécies exóticas, má qualidade da água e doenças em populações de ornitorrinco, mas esses fatores têm sido pouco estudados.
Geralmente sofrem de poucas doenças no estado selvagem, no entanto, há preocupação pública generalizada na Tasmânia sobre os impactos potenciais de uma doença causada pelo fungo Mucor amphibiorum. A doença (denominada Mucormicose) afeta apenas os ornitorrincos da Tasmânia, e não tem sido observada em ornitorrincos do continente australiano. Os ornitorrincos podem desenvolver uma dermatite ulcerativa em várias partes do corpo, incluindo o dorso, cauda e membros. A mucormicose pode matar os animais, decorrente de infecções secundárias e por que afetam a habilidade dos animais de manter sua regulação térmica e na capacidade de se alimentar. Um setor da Conservação da Biodiversidade no Departamento de Indústrias Primárias e Água está colaborando com os pesquisadores da Universidade da Tasmânia para determinar o impacto da doença sobre os ornitorrincos da Tasmânia, bem como o atual mecanismo de transmissão e propagação da patologia. Algumas populações têm exibido anticorpos para leptospirose, provavelmente transmitidas pelo gado, mas não foi observada sintomatologia clínica.
Grande parte do mundo conheceu o ornitorrinco em 1939, quando a National Geographic Magazine publicou um artigo sobre o animal e os esforços para estudá-lo e mantê-lo em cativeiro. Esta é uma tarefa difícil, e apenas poucos animais têm se reproduzido com sucesso desde então - notavelmente no Santuário Healesville, em Victoria. A figura líder desses esforços foi David Fleay, que estabeleceu um berçário para ornitorrincos - um córrego simulado em um tanque - no Santuário Healesville, e teve um sucesso reprodutivo em 1943. Em 1972, ele encontrou um filhote morto, de cerca de 50 dias de idade, que tinha, presumivelmente, nascido em cativeiro, no Parque da Vida Selvagem David Fleay, em Burleigh Heads, Queensland. Healesville repetiu o sucesso em 1998 e novamente em 2000 com um tanque de fluxo similar. O Zoológico de Taronga, em Sydney, obteve o nascimento de gêmeos em 2003, e tiveram outro nascimento, em 2006.

Aspectos culturais

O ornitorrinco é, algumas vezes, referido de forma bem humorada como a prova de que Deus tem senso de humor (como no início do filme Dogma, por exemplo ). Sua aparência incomum fez com que aparecesse em diversos meios de comunicação, especialmente na Austrália, sua terra natal.
A imagem do animal tem sido usada diversas vezes como mascote: Syd foi um dos três mascotes escolhidos para os Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, junto com uma equidna e um kookaburra, "Expo Oz" foi o mascote da Expo 88, que foi sediada em Brisbane em 1988, e "Hexley" é o mascote do computador da Apple que roda o sistema operacional Darwin BSD, o MAC OS X.
O ornitorrinco é também retratado em músicas, como na canção do grupo Green Day, Platypus (I Hate You), e do grupo Mr. Bungle, Platypus. Ele é o tema de um poema infantil de Banjo Paterson, Old Man Platypus, e freqüentemente aparece como personagens de programas infantis, como por exemplo, a família de ornitorrincos em Mister Rogers' Neighborhood, Perry o Ornitorrinco no programa Phineas and Ferb - no qual ele é um agente secreto, nomeado de Agent P - e Ovide, a estrela do desenho animado Ovide and the Gang.
Usando como exemplo primário para as dificuldades de classificação, o escritor italiano Umberto Eco escreveu um livro intitulado Kant e o Ornitorrinco.

Fonte: Wikipédia.com

Abaixo temos o vídeo

Documentário sobre o Ornitorrinco (Ornithorhynchus anatinus) transmitido pelo Discovery Channel em 1996. Continua sendo um dos poucos e mais completos documentários sobre esse estranho mamífero endêmico da Austrália. Faz parte da série Discovery Selvagem.

Ornitorrinco -
o sobrevivente silencioso

Dublado.

O Segredo

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Sinópse

O documentário traz depoimentos de escritores, pesquisadores e filósofos que defendem a existência de um segredo milenar, conhecido por alguns dos líderes da humanidade e nunca antes revelado, e que pode ser a chave para o sucesso.
O documentário pode ser resumido em uma palavra: Atração. A atração seria uma Lei, conhecida como Lei da Atração,que seria capaz de fazer qualquer coisa, bastando desejá-la de modo incondicional de modo a direcionar os pensamentos positivos e nunca desistir - A dita "Fé Inabalável".

O documentário defende a idéia que devemos sempre agradecer pelo que temos, e até mesmo pelo que não temos, ou seja, devemos ser gratos por tudo.
O Segredo para se obter o que deseja, segundo o documentário, pode ser resumido em três simples palavras: Pedir; Crer; e Receber.
Pedir: Primeiro você pediria aquilo que deseja, não precisaria ser necessariamente com palavras, mas sim com pensamentos.
Crer: Nesse passo seria necessário que você acredite que recebeu o que pediu, mesmo que não tenha recebido. É necessário acreditar, segundo o filme, profundamente, agir como se já tivesse recebido, deve mudar sua vida como se já tivesse recebido. Segundo o documentário isso faria com que a mente envie mais frequencia para atrair o que realmente se quer.
Receber: Segundo o filme documentário esse seria o passo mais simples; basta receber o que pediu anteriormente, e sem esquecer de agradecer.




A Ilha dos Vampiros

14 junho 2012 0 comentários



A ciência foi em busca da realidade, seria vampiros uma criatura lendaria ou um fato histórico?

Deuses Gregos Mitologia

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Texto sobre MITOLOGIA GREGA.

Mitologia grega é o estudo dos conjuntos de narrativas relacionadas aos mitos dos gregos antigos, de seus significados e da relação entre eles e os povos — consideradas, com o advento do cristianismo, como meras ficções alegóricas. Para muitos estudiosos modernos, contudo, entender os mitos gregos é o mesmo que lançar luz sobre a compreensão da sociedade grega antiga e seu comportamento, bem como suas práticas ritualísticas. O mito grego explica as origens do mundo e os pormenores das vidas e aventuras de uma ampla variedade de deuses, deusas, heróis, heroínas e outras criaturas mitológicas.
Ao longo dos tempos, esses mitos foram expressos através de uma extensa coleção de narrativas que constituem a literatura grega e também na representação de outras artes, como a pintura da Grécia Antiga e a pintura vermelha em cerâmica grega. Inicialmente divulgados em tradição oral-poética, hoje esses mitos são tratados apenas como parte da literatura grega. Essa literatura abrange as mais conhecidas fontes literárias da Grécia Antiga: os poemas épicos Ilíada e Odisseia (ambos atribuídos a Homero e que focam sobre os acontecimentos em torno da Guerra de Troia, destacando a influência de deuses e de outros seres), e também a Teogonia e Os Trabalhos e os Dias, ambos produzidos por Hesíodo. Os mitos também estão preservados nos Hinos homéricos, em fragmentos de poemas do Ciclo Épico, na poesia lírica, no âmbito dos trabalhos das tragédias do século V a.C., nos escritos de poetas e eruditos do Período Helenístico e em outros documentos de poetas do Império Romano, como Plutarco e Pausânias. A principal fonte para a pesquisa de detalhes sobre a mitologia grega são as evidências arqueológicas que descobrem e descobriram decorações e outros artefatos, como desenhos geométricos em cerâmica, datados do século VIII a.C., que retratam cenas do ciclo troiano e das aventuras de Hércules. Sucedendo os períodos Arcaico, Clássico e Helenístico, Homero e várias outras personalidades aparecem para completar as provas dessas existências literárias.
A mitologia grega tem exercido uma grande influência na cultura, nas artes e na literatura da civilização ocidental e permanece como parte da herança e da linguagem do Ocidente. Poetas e artistas desde os tempos antigos até o presente têm se inspirado na mitologia grega e descoberto que os temas mitológicos lhes legam significado e relevância em seu contemporâneo. Seu patrimônio também influi na ciência, como no caso dos nomes dados aos planetas do Sistema Solar e em estudos teóricos, acadêmicos, psicanalíticos, antropológicos e muitos outros, além de nos dias de hoje tradições neopagãs como a Wicca serem influenciadas por ela e outras como o dianismo, a Stregheria e principalmente o dodecateísmo (ou neopaganismo helênico) tenham tentado resgatar suas crenças.


Termo e compreensão

Num contexto acadêmico, a palavra "mito" significa basicamente qualquer narrativa sacra e tradicional, seja verdadeira ou falsa. O sufixo "-logia", derivado do radical grego "logo", representa um campo de estudo sobre um assunto em particular. Com a junção de ambos os termos, "mitologia grega" seria, basicamente, o estudo dos mitos gregos, ou seja, os que fazem parte da cultura da Grécia. Sendo assim, o termo não só alude ao estudo dos mitos como também aos próprios mitos. Como escreve o professor e escritor português Carlos Ceia, "termo de dupla significação, indica, por um lado, o conjunto dos mitos ou narrativas míticas relativas a seres sobrenaturais, fantásticos ou de valor super humano e, por outro lado, o estudo ou interpretação dos mitos."
É um termo crítico moderno e, portanto, os próprios gregos e romanos antigos não se referiam a suas crenças como "mitos" ou "mitologia", mas como religião (ver capítulo Interpretação), o que ainda hoje em dia ocorre com os neopaganistas helênicos, embora estes vivam um acontecimento moderno diferente de resgate e preservação e mesmo certos grupos de adeptos entendam o papel dos mitos como arquétipos ou símbolos (ver seção Neopaganismo e resgate).
Para mais informações sobre o histórico de interpretação dos mitos gregos, dirija-se até as sub-seções: Concepções greco-romanas e Interpretações modernas. É importante ressaltar que, nesse artigo, as palavras "mitologia" e "mito" são usadas para as narrativas tradicionais e sagradas das culturas clássicas, sem qualquer implicação de que esta ou aquela seja verdadeira ou falsa.

Mito e sociedade



A mitologia grega era assunto principal nas aprendizagens das crianças da Grécia Antiga, como meio de orientá-las no entendimento de fenômenos naturais e em outros acontecimentos que ocorriam sem o intermédio dos homens. Os gregos antigos atribuíam a cada fenômeno natural uma criatura ou um deus diferente. Certos estudiosos modernos dizem que, quando passaram a inventar meios de calcular o tempo e quando criaram mecanismos de datação como o calendário, seus mitos declinaram (ver seção Declínio logo abaixo). Os poetas atribuíam esses estados térmicos, como também as relações e as características humanas, aos deuses e a outras histórias lendárias, e elas serviram durante um bom tempo como cultos ritualísticos na sociedade da Grécia antiga.



Além das crianças serem educadas através dos mitos, as famílias aristocráticas da Grécia, assim como os reis, e também profissionais, como os médicos, possuíam a tradição de se ligarem genealogicamente a antepassados míticos, geralmente divinos, ou até mesmo heróicos. Os comerciantes também cultuavam deuses, como Hermes, sempre em tentativa de deixá-lo satisfeito e assim conseguir bons resultados em suas vendas. Além de serem habituados aos sacrifícios de animais e às orações, os gregos antigos adotavam um deus particular ou um grupo deles para sua cidade, e os cidadãos construíam templos e o(s) venerava(m). Essas cidades não possuíam qualquer organização religiosa oficial, mas honravam os deuses em lugares determinados, como Apolo exclusivamente em Delfos.
Muitos festivais religiosos eram realizados na Grécia antiga. Alguns eram especificadamente dedicados a uma deidade particular ou cidade-estado. A Lupercalia, por exemplo, era comemorada na Arcádia e dedicada à pastoral Pã. Existiam também os jogos que eram realizados anualmente em locais diferentes, e que culminaram nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, realizados a quatro anos e dedicados a Zeus. Os gregos, frequentemente, encontravam desígnios dos deuses em muitas características da natureza. Os adivinhos, por exemplo, acreditavam haver mensagens divinas contidas no vôo das aves e nos sonhos. Nas cidades, os oráculos — locais sagrados — eram usados por um sacerdote que, tomado por êxtase ou loucura divina, servia de intermédio entre o diálogo de um fiel e seu deus de adoração.
Nas primeiras eras em que a recente filosofia vivia ao lado da tradicional mitologia, para o povo grego a sabedoria plena e completa pertencia aos deuses, mas os homens poderiam desejá-la e amá-la, tornando-se filósofos (philo= amizade, amor fraterno, respeito; sophia= sabedoria).

Mito e religião

É preciso haver um esclarecimento acerca da diferença entre mito e religião. Hoje, todas as mitologias de todos os povos são entendidas como um conjunto de crenças enraizadas em relatos modernamente tidos como fictícios e imaginados pelos poetas, enquanto a religião propõe-se a criar rituais ou práticas com a finalidade de estabelecer vínculos com a espiritualidade. "Mitologia" é um termo indiscutivelmente técnico e moderno e nunca utilizado pelos próprios gregos ou romanos. Seus cultos compreendiam uma religião politeísta da qual os especialistas de hoje agrupam no que se chama "mitologia grega", analisando as narrativas poéticas como legados da literatura antiga, ao passo que os próprios gregos, sobretudo antes da fama da filosofia, acreditavam serem reais. Pode-se dizer que "mito" é todo o conjunto que nós compreendemos hoje o que em suas épocas os gregos chamavam "religião".



Para ficar mais claro, podemos dizer que os textos sacros dos gregos são o que chamamos agora de mitologia ou literatura da Grécia antiga. A Teogonia e Os Trabalhos e os Dias de Hesíodo, a Ilíada e a Odisseia de Homero e as Odes de Píndaro estão entre as obras que os gregos consideravam sacros. Estes são os principais textos que foram considerados inspirados pelos deuses e geralmente incluem no prólogo uma invocação às Musas para que elas auxiliem o trabalho do poeta.



Os gregos faziam cultos os deuses do Olimpo, realizados em templos comuns ou em altares e, também, culto aos heróis históricos, realizados em suas respectivas tumbas. Dedicados a um deus ou a um herói, os templos, decorados com esculturas (de deuses ou heróis) em relevo entre o teto e o topo das colunas, eram constituídos de pedras nobres como o mármore, usadas no alto da acrópole. Os antigos teatros gregos, também, eram construídos para determinada figura mitológica, deuses ou heróis, como o teatro de Dioniso no Santuário de Apolo em Delfos.
Além da religião ter sido praticada através de festivais, nela se acreditava que os deuses interferiam diretamente nos assuntos humanos e que era necessário acalmá-los por meio de sacrifícios. Estes rituais de sacrifício desempenharam um papel importante na formação da relação entre o homem e o divino. Um dos conceitos mais importantes quanto à moral para os gregos era o medo de cometer húbris (arrogância), o que constitui muitas coisas, do estupro à profanação de um cadáver.

Classificação

A gama de personagens, seres e ambientes que formam a mitologia grega podem ser separados em três partes, sendo a última um apêndice para a literatura mitológica, de onde conseguimos grande parte das informações sobre os mitos:
1. Raças, divindades, criaturas; personagens em geral, que abrange os ventos, centauros, ctónicos, ciclopes, dragões, erínias, gigantes, górgonas, hecatônquiros, harpia, musas, moiras, mortais, ninfas, deuses olímpicos, deuses primordiais, sátiros e titãs.
1 a. Aqui também são incluídos os heróis Héracles, Aquiles, Odisseu, Jasão, Argonautas, Perseu, Édipo, Teseu e Triptolemos.
2. Lugares, que abrange os ambientes em que essas figuras, na imaginação dos gregos, viveram suas aventuras, que são Delfos, Delos, Olímpia, Hades (reino), Atlântida, Olimpo, Troia, e Temiscira.
3. Literatura mitológica clássica, inclui o estudo da literatura antiga grega, que contou com nomes como Homero, que incluía em sua narrativa a crença de deuses.

Fontes

A mitologia grega é conhecida nos dias de hoje através da literatura grega e de expressões artísticas visuais como a cerâmica grega que datam do Período Geométrico em diante. O objetivo deste capítulo é entender como nós, contemporâneos, tivemos a oportunidade de arrecadar hoje em dia informações tão antigas quanto são os mitos gregos.

Fontes literárias

A narração mítica desempenhou um papel importante em quase todos os gêneros da literatura grega. No entanto, o único manual mitográfico que sobreviveu da Grécia Antiga foi a famosa Biblioteca Mitológica, do escritor denominado Pseudo-Apolodoro, que tenta conciliar os contos contraditórios dos poetas e fornece um resumo da mitologia grega e suas lendas históricas. O verdadeiro Apolodoro viveu entre c. 180-120 a.C., escreveu sobre muitos destes temas e seus escritos podem ter formado a base para a coleção dessa obra, porém a Biblioteca aborda eventos que ocorreram muito tempo após sua morte, daí o nome Pseudo-Apolodoro.



Entre as fontes literárias da primeira era, destacam-se os dois poemas épicos de Homero–Ilíada e Odisseia. Completando esse ciclo épico, temos escritas de poetas cujos documentos foram perdidos ao longo do tempo. Apesar da sua denominação tradicional, os Hinos homéricos, hinos em coral da primeira fase da então-denominada poesia lírica, não possuem relação alguma com Homero. Hesíodo, possível contemporâneo de Homero, produziu Teogonia, o documento mais recente sobre mitos gregos, que elabora uma genealogia dos deuses e explica a origem dos Titãs e dos Gigantes. Os Trabalhos e os Dias, também de Hesíodo, é um poema didático sobre a vida da agricultura que apresenta os mitos de Pandora e da Era dos Homens. O poeta dá conselhos sobre a melhor maneira de ter sucesso em um mundo perigoso tornado ainda mais arriscado por esses deuses. Os Trabalhos e os Dias também apresenta o mito de Prometeu, que, mais tarde, constituiu na base de uma trilogia de tragédias, possivelmente iniciada por Ésquilo, que são: Prometeu Acorrentado, Prometeu Desacorrentado e Prometeu, o Condutor do Fogo.
Os poetas líricos direcionaram por vezes seus temas aos mitos, todavia esse tratamento ficou cada vez menor, enquanto que sua alusões à narrativa cresceu. Os poetas líricos gregos, como Píndaro e Simónides de Ceos, e os poetas bucólicos, incluindo Teócrito, forneceram incidentes mitológicos individuais. Além disso, o mito foi tema central no drama Ateniense: os dramaturgos trágicos Eurípides, Sófocles e Ésquilo produziram seus enredos envolvendo a Era dos Heróis e a Guerra de Troia. Muitas das grandes históricas trágicas (ou seja, Agamemnon e seus filhos, Édipo, Jasão e Medeia, etc.) trouxeram em sua forma clássica estas peças trágicas.



Os historiadores Heródoto e Diodoro Sículo, e os geógrafos Pausânias e Estrabão, que viajaram ao redor do mundo grego e anotaram as histórias que ouviram, forneceram numerosos mitos locais, apresentando diversas vezes versões alternativas pouco conhecidas dos mitos. Heródoto, especialmente, procurou as várias tradições apresentando e encontrando as raízes históricas ou mitológicas no conflito entre a Grécia e o Oriente. Heródoto procurou conciliar as origens e a mistura de diferentes conceitos culturais.
A poesia das eras Helenística e Romana, que embora tenha sido composta mais como literatura do que um exercício de culto aos mitos, contém muitos detalhes importantes que de outra forma seriam perdidos. Essa categoria inclui:

1. Os poetas romanos Ovídio, Sêneca e Virgílio.
2. Os poetas gregos da Antiguidade tardia: Antonino Liberal e Quinto de Esmirna.
3. Os poetas gregos do Período Helenístico: Apolónio de Rodes, Calímaco, Eratóstenes e Partênio.
4. Antigos romances de gregos e romanos, como Apuleio, Petrônio e Heliodoro.

Em contrapartida com o gênero lírico, a Fabulae e a Astronomica do escritor romano Higino são duas composições não-poéticas importantes sobre o mito. As obras Imagens e Descrições, de Filóstrato e Calístrato (respectivamente), são dois trabalhos literários úteis para o estudo dos mitos gregos.
Finalmente, o apologético cristão Arnóbio, citando práticas religiosas para desacreditá-las, e vários outros escritores bizantinos proporcionam detalhes importantes dos mitos, alguns deles procedentes de obras gregas perdidas durante os anos. Entre estes, inclui-se os léxicos de Hesíquio, a Suda, e os tratados de João Tzetzes e de Eustácio de Salônica. O ponto de vista moralizador cristão a respeito dos mitos gregos se resume no dito ἐν παντὶ μύθῳ καὶ τὸ Δαιδάλου μύσος (en panti muthōi kai to Daidalou musos, "em todo mito está a profanação de Dédalo"), sobre o que disse a Suda que alude o papel de Dédalo ao satisfazer a "luxúria antinatural" de Pasífae pelo trono de Posídon: "Desde que a origem e a culpa desses males se atribuíram a Dédalo e foi odiado por eles, se converteu no objeto do provérbio."

Fontes arqueológicas



A descoberta da civilização micênica pelo arqueólogo amador alemão Heinrich Schliemann no século XIX, e a descoberta da civilização minóica em Creta pelo arqueólogo britânico Sir Arthur Evans no século XX, ajudaram a esclarecer muitas dúvidas a respeito dos épicos de Homero e outras questões da mitologia, como as crenças em deuses e em heróis. A evidência sobre os mitos e os rituais nos sítios arqueológicos das civilizações micênica e minóica é inteiramente monumental, uma vez que a linear B (método de escrita antigo, encontrado em Creta e na Grécia continental) era usada principalmente para o registro de inventários, embora os nomes de deuses e de heróis tenham sido dificilmente revelados.
Schliemann começou seu trabalho em 1870, com o intuito de averiguar se as histórias que ouvia de seu pai quando criança, a respeito dos épicos homéricos, eram verdadeiras; numa madrugada, juntamente com sua esposa, conseguiu encontrar dois diademas de ouro, 4.066 plaquetas, 16 estatuetas, 24 colares de ouro, anéis, agulhas, pérolas (total de 8.700 artefatos) e pesquisas posteriores deixaram certezas que a mítica cidade de Troia existiu no local há milênios.
Existem desenhos geométricos em cerâmica datados do século VIII a.C. que retratam o Ciclo de Troia, como também as aventuras de Hércules. Por dois motivos, essas representações visuais dos mitos possuem enorme importância: em primeiro lugar, muitos mitos gregos foram comprovados em desenhos de vaso antes do que na literatura escrita–das doze elaborações sobre Hércules, por exemplo, somente a aventura de Cérbero é apresentada pela primeira vez em um texto literário–e, em segundo lugar, as fontes visuais muitas vezes fornecem cenas míticas que não são apresentadas em quaisquer fontes literárias existentes. Em alguns casos, a primeira representação conhecida de um mito na arte geométrica antecede, em questão de muitos anos e séculos, a sua primeira aparição conhecida na poesia arcaica. Nos períodos Arcaico (750–c. 500 a.C), Clássico ( 480–323 a.C), e Helenístico, Homero e várias outras personalidades surgem para completar as evidências literárias da existência da mitologia grega.

História

Os complexos fenómenos da natureza foram certamente os primeiros a serem explicados de forma fantástica, sendo aí que nasce verdadeiramente o primeiro conjunto de narrativas míticas organizadas em texto escrito, muito depois de terem circulado de geração em geração até ao tempo de Homero e de Hesíodo

Carlos Ceia



A origem dos mitos da Grécia não deriva puramente da civilização grega, mas de uma mistura entre a cultura dos indo-europeus, pré-gregos, e até mesmo dos asiáticos, egípcios e outros povos com as quais os gregos estabeleceram contato.
Um dos fatores de evolução da mitologia grega foi a grande transformação que ela experimentou através dos tempos, e tal transformação serviu para enriquecer sua própria cultura. Os primeiros habitantes da Península Balcânica, em grande parte agricultores, atribuíam a cada aspecto da natureza um espírito. Finalmente, estes espíritos vagos assumiram a forma humana e entraram na mitologia local como deuses e deusas. Quando as tribos do norte invadiram a Península Balcânica, trouxeram consigo um novo panteão de deuses e crenças, voltadas à conquista, à força e à valentia, à batalha e ao heroísmo violento. Outras divindades mais antigas que povoavam a mente dos habitantes agrícolas se fundiram com aquelas dos invasores mais poderosos, ou então desvaneceram-se na insignificância.



Após a metade do período arcaico, que possuía mitos sobre as relações entre homens e deuses masculinos, os heróis tornaram-se cada vez mais aclamados, indicando o desenvolvimento paralelo da pederastia pedagógica, que pensa-se ter sido introduzido por volta de 630 a.C. Nos finais do século V a.C, os poetas haviam atribuído pelo menos um eromenos a todos os deuses importantes, exceto Ares e outras figuras lendárias. Outros mitos anteriormente existentes, como o de Aquiles e o de Pátroclo, foram reinterpretadas como mitologia homossexual.
O sentido da poesia épica foi criar ciclos históricos, e resultar num desenvolvimento de um senso da cronologia mitológica; assim, a mitologia grega desdobra-se como uma etapa no desenvolvimento do mundo e do homem. As auto-contradições nas histórias fazem com que seja impossível montar um cronograma absoluto a respeito da Mitologia grega, mas podemos elaborar uma cronologia concordável. A história mitológica do mundo pode ser dividida em 3 ou 4 grandes períodos:
1. Mito da origem ou da era dos deuses: é a teogonia, o nascimento dos deuses, os mitos sobre a origem do planeta, dos deuses e da raça humana.
2. Era em que os homens e os deuses se mesclam livremente: histórias das primeiras interações entre deuses, semi-deuses e mortais juntos.
3. Era dos heróis (era heróica), onde a atividade divina ficou mais limitada. As últimas e maiores lendas heróicas são da Guerra de Troia e suas consequências (consideradas por alguns investigadores como um quarto período separado).
Embora a Era dos deuses tem sido frequentemente alvo de interesse pelos alunos contemporâneos da mitologia grega, os autores arcaicos e clássicos possuíam uma clara preferência pela Era dos heróis. As heróicas Ilíada e Odisseia, por exemplo, estavam e ainda se encontram atualmente sobre maior destaque que a Teogonia e que os hinos homéricos – e prevaleceram em popularidade e continuidade. Sob a influência de Homero, o culto heróico conduziu uma reestruturação na vida espiritual, expresso na separação entre o reino dos deuses do reino dos mortos (heróis), e dos deuses olímpicos dos ctónicos. No O Trabalho e Os Dias, Hesíodo monta um esquema de quatro Era dos homens (ou Raças): de Ouro, de Prata, de Bronze e de Ferro. Estas raças ou eras são criações separadas dos mitos dos deuses, correspondendo à Era Dourada ao reino de Cronos e sendo as seguintes raças criações de Zeus. Hesíodo intercalou a Era (ou Raça) dos heróis pouco depois da Idade do Bronze. A ultima idade foi a Idade do Ferro. Em Metamorfoses, Ovídio segue o conceito de Hesíodo e apresenta essas quatro idades.

Era dos deuses
Cosmogonia e cosmologia



Ἤτοι μὲν πρώτιστα Χάος γένετ'· αὐτὰρ ἔπειτα Γαῖ' εὐρύστερος, πάντων ἕδος ἀσφαλὲς αἰεὶ.
Pois bem, no princípio nasceu Caos; depois, Gaia de amplo seio, a eterna base de tudo

Hesíodo, Teogonia, 116-7.

"Mitos de origem" ou "mitos de criação", na mitologia grega, são termos alusivos à intenção de fazer com que o universo torne-se compreensível e com que a origem do mundo seja explicada. Além de ser o mais famoso, o relato mais coerente e mais bem estruturado sobre o começo das coisas, a Teogonia de Hesíodo também é visto como didático, onde tudo se inicia com o Caos: o vazio primitivo e escuro que precede toda a existência. Dele, surge Gaia (a Terra), e outros seres divinos primordiais: Eros (atração amorosa), Tártaro (escuridão primeva) e Érebo. Sem intermédio masculino, Gaia deu à luz Urano, que então a fertilizou. Dessa união entre Gaia e Urano, nasceram primeiramente os Titãs: seis homens e seis mulheres (Oceano, Céos, Créos, Hiperião, Jápeto, Teia e Reia, Têmis, Mnemosine, Febe, Tétis e Cronos); e logo os Ciclopes de um só olho e os Hecatônquiros (ou Centimanos). Contudo, Urano, embora tenha gerado estas divindades poderosas, não as permitiu de sair do interior de Gaia e elas permaneceram obedientes ao pai. Somente Cronos, "o mais jovem, de pensamentos tortuosos e o mais terrível dos filhos", castrou o seu pai–com uma foice produzida das entranhas da mãe Gaia–e lançou seus genitais no mar, libertando, assim, todos os irmãos presos no interior da mãe. A situação final foi que Urano não procriou novamente, mas o esperma que caiu de seus genitais cortados produziu a deusa Afrodite, saída de uma espuma da água, ao mesmo tempo que o sangue de sua ferida gerou as Ninfas Melíades, as Erínias e os Gigantes, quando atingiu a terra. Sem a interferência do pai, Cronos tornou-se o rei dos titãs com sua irmã e esposa Reia como cônjuge e os outros Titãs como sua corte.
O pensamento antigo grego considerava a teogonia–que engloba a cosmogonia e a cosmologia, temas desssa subseção–como o protótipo do gênero poético e lhe atribuía poderes quase mágicos. Por exemplo: Orfeu, o poeta e músico da mitologia grega, proclamava e cantava as teogonias com o intuito de acalmar ondas e tormentas–como consta no poema épico Os Argonautas, de Apolónio de Rodes–e também para acalmar os corações frios dos deuses do mundo inferior, quando descia à Hades. A importância da teogonia encontra-se também no Hino Homérico à Hermes, quando Hermes inventa a lira e a primeira coisa que faz com o instrumento em mãos é cantar o nascimento dos deuses.

Contudo, a Teogonia não é somente o único e mais completo tratado da mitologia grega que se conservou até nossos dias, mas também o relato mais completo no que diz respeito a função arcaica dos poetas, com sua larga invocação preliminar das Musas. Foi também tema de muitos poemas perdidos, incluindo os atribuídos à Orfeu, Museu, Epimênides, Ábaris e outros profetas legendários, cujos versos costumavam ser usados em rituais privados de purificação e em religião de mistérios. Inclusive, há indícios de que Platão se familirizou com alguma versão da teogonia órfica. Poucos fragmentos dessas obras sobreviveram em citações de filósofos neoplatonistas e em fragmentos recentemente desenterrados, escritos em papiro. Um desses documentos, o papiro de Derveni, demonstra atualmente que pelo menos no século V a. C. existiu um poema teogônico-cosmogônico de Orfeu. Este poema tentou superar a Teogonia de Hesíodo e a genealogia dos deuses se ampliou com o surgimento de Nix (a Noite), marcando um começo definitivo que havia surgido antes dos seres Urano, Cronos e Zeus.



Deuses gregos

ἐμοὶ δὲ θαυμάσαι θεῶν τελεσάντων οὐδέν ποτε φαίνεται ἔμμεν ἄπιστον.
Para mim, quando os deuses realizam maravilhas, nada parece inacreditável.

Píndaro, Pi, P. 10.48-50.



Quando Cronos tomou o lugar de Urano, tornou-se tão perverso quanto o pai. Com sua irmã Reia, procriou os primeiros deuses olímpicos (Héstia, Deméter, Hera, Hades, Posêidon e Zeus), mas logo os devorou enquanto nasciam, pelo medo de que um deles o destronasse. Mas Zeus, o filho mais novo, com a ajuda da mãe, conseguiu escapar do destino. A mãe, pegou uma pedra, enrolou-a em um tecido e deu a Cronos, que comeu-a, pensando que fosse Zeus. O filho travou uma guerra contra seu progenitor, cujo vencedor ganharia o trono dos deuses. Ao final, com a força dos Cíclopes–a quem libertou do Tártaro–Zeus venceu e condenou Cronos e os outros Titãs na prisão do Tártaro, depois de obrigar o pai a vomitar seus irmãos. Para a mitologia clássica, depois dessa destituição dos Titãs, um novo panteão de deuses e deusas surgiu. Entre os principais deuses gregos estavam os olímpicos- cuja limitação de seu número para doze parece ter sido uma ideia moderna, e não antiga - que residiam no Olimpo abaixo dos olhos de Zeus. Nesta fase, os olímpicos não eram os únicos deuses que os gregos adoravam: existiam uma variedade de divindades rupestres, como o deus-bode Pã, o deus da natureza e florestas, as ninfas— Náiades (que moravam nas nascentes), Dríades (espíritos das árvores) e as Nereidas (que habitavam o mar) —, deuses de rios, Sátiros, meio homem, meio bode, e outras divindades que residiam em florestas, bosques e mares. Além dessas criaturas, existiam no imaginário grego seres como as Erínias (ou Fúrias) (que habitavam o submundo), cuja função era perseguir os culpados de homicídio, má conduta familiar, heresia ou perjúrio.
Para honrar o antigo panteão grego, compôs-se os famosos hinos homéricos (conjunto de 33 canções). Alguns estudiosos, como Gregory Nagy, consideram que os hinos homéricos são simples prelúdios, se comparado com a Teogonia, onde cada hino invoca um deus. No entanto, os deuses gregos, embora poderosos e dignos de homenagens como as presentes nestes hinos, eram essencialmente humanos (praticavam violência, possuíam ciúme, coléra, ódio e inveja, tinham grandezas e fraquezas humanas), embora fossem donos de corpos físicos ideais. De acordo com o estudioso Walter Burkert, a definição para essa característica do antropomorfismo grego é que "os deuses da Grécia são pessoas, e não abstrações, ideias ou conceitos". Independentemente de suas formas humanas, os deuses gregos tinham muitas habilidades fantásticas, sendo as mais importantes: ter a condição de ser imúne a doenças, feridas e ao tempo; ter a capacidade de se tornar invisível; viajar longas distâncias instantaneamente e falar através de seres humanos sem estes saberem. Os gregos consideravam a imortalidade — que era assegurada pela alimentação constante de ambrosia e pela ingestão de néctar — como a característica distintiva dos deuses.

Cada deus descende de uma genealogia própria, prossegue interesses próprios, tem uma certa área de especialização, e é regido por uma personalidade singular; no entanto, essas descrições surgem a partir de uma infinidade de locais arcaicos variantes, que não coincidem sempre com elas. Quando esses deuses eram aludidos na poesia, na oração ou em cultos, essas práticas eram realizadas mediante uma combinação de seus nomes e epítetos, que os identificavam por essas distinções do resto de suas próprias manifestações (e.x. Apolo Musageta era "Apolo, chefe das Musas").
A maioria dos deuses foram associados a aspectos específicos de suas vidas: Afrodite, por exemplo, era deusa do amor e da beleza, Ares era deus da guerra, Hades o deus da morte e do inferno, e Atena a deusa da sabedoria, guerra e da coragem. Certos deuses, como Apolo (deus do sol) e Dioníso (deus da festa e do vinho), apresentam personalidades complexas e mais de uma função, enquanto outros, como Héstia e Hélios, revelam pequenas personificações. Os templos gregos mais impressionantes tendiam a estar dedicados a um número limitado de deuses, que foram o centro de grandes cultos panhelênicos. De maneira interessante, muitas regiões dedicavam seus cultos a deuses menos conhecidos e muitas cidades também honravam os deuses mais conhecidos com ritos locais característicos e lhes associavam mitos desconhecidos em outros lugares.
Durante a era heróica — que veremos na próxima sub-seção — o culto dos heróis (ou semi-deuses) complementou a dos deuses e ambas as criaturas se fundiram no imaginário da Grécia.



Era dos deuses e dos mortais



Unindo a idade em que os deuses viviam sós e a idade em que a interferência divina nos assuntos humanos era limitada, havia uma era de transição em que os deuses e os homens (mortais) se misturaram livremente. Estes foram os primeiros dias do mundo, quando os grupos se misturavam com mais liberdade do que fizeram depois. A maior parte das crenças dessas histórias foram reveladas posteriormente na obra Metamorfoses de Ovídio, e frequentemente são divididas em dois grupos temáticos: histórias de amor e histórias de castigo. Ambas histórias tratam do envolvimento dos deuses com os humanos, seja de uma forma ou de outra:
Os contos de amor muitas vezes envolvem incesto, sedução ou violação de uma mulher mortal por parte de um deus, resultando em uma descendência histórica. Essas histórias sugerem geralmente que as relações entre deuses e mortais precisam ser evitadas, sendo que raramente esses envolvimentos possuem finais felizes. Em poucos casos, uma divindade feminina procura um homem mortal e vive com ele, como no Hino Homérico à Afrodite, onde a deusa se relaciona com o príncipe Anchises e acaba concebendo o chefe troiano Eneias.

Os contos de castigo envolvem a apropriação ou invenção de algum artefato cultural importante, como quando Prometeu roubou o fogo dos deuses e quando ele ou Licaão inventou o sacríficio, quando Tântalo roubou o néctar e a ambrósia da mesa de Zeus e de seus súditos, revelando-lhes o segredo dos deuses, ou quando Deméter ensinou agricultura e os Mistérios de Elêusis a Triptolemos, ou quando Mársias inventou os aulos e, com ela, ingressou num concurso musical ao lado de Apolo. As aventuras de Prometeu marcam um ponto entre a história dos deuses e a dos homens. Um fragmento de papiro anônimado, datado do século III a.C., retrata vividamente o castido que Dionísio aplicou à Lucurgo, rei de Trácia, cujo reconhecimento de novos deuses chegou demasiado tarde, ocasionando horrivéis penalidades que se estenderam por toda vida. A história da chegada de Dionísio para estabelecer seu culto em Trácia foi também o tema de uma trilogia de peças dramáticas do poeta antigo Ésquilo: como em As Bacantes, onde o rei de Tébas, Penteu, é castigo por Dionísio por ter sido desrespeitoso com as Ménades, suas adoradoras.

Ainda no assunto de relação entre deuses e mortais, há um conto antigo baseado em um tema folclórico, onde Deméter está procurando por sua filha Perséfone, depois de ter tomado a forma de uma anciã chamada Doso e recebido hospitalidade de Celéu, o rei de Elêusis em Ática. Por causa de sua hospitalidade, Deméter planejou fazer imortal seu filho Demofonte, como um ato de agradecimento, mas não pôde completar o ritual porque a mãe de Demofonte, Metanira, entrou e viu seu filho rodeado de fogo, visão essa que lhe provocou, instantâneamente, um grito agudo, que enfureceu Deméter, cuja lamentação veio depois, ao refletir o fato de que os "estúpidos mortais não entendem práticas divinas".



Era heróica

O fato de entre os homens e os deuses existir ainda uma terceira classe especial de heróis, que são denominados também "semi-deuses", é uma particularidade da mitologia e da religião gregas para a qual quase não existem paralelos.

Walter Burkert, 1993.[76]

A idade em que os heróis viveram na mitologia grega é conhecida como Era (ou Idade) Heróica. A Era Heróica surgiu no Período Arcaico, quando os gregos imaginavam "heróis" (gr. ἥρωες; sg. ἥρως) como certos personagens de lendas épicas. Embora sujeitos à mortalidade, os heróis/semi-deuses se diferenciavam dos humanos pelo fato de serem capazes de façanhas impossíveis, talvez pelo fato de serem frutos de uma relação entre um mortal e um deus.
Após a ascensão do culto heróico, os deuses e os heróis constituíram a esfera sagrada e são invocados juntos nos juramentos e nas orações que são dirigidas a eles. Em contraste com a era dos deuses, durante a heróica a lista de heróis nunca é fixa e definitiva; já não nascem grandes deuses, mas sempre podem surgir novos heróis do exército dos mortos. Outra importante diferença entre o culto dos deuses e o dos heróis é que o segundo dos dois se torna o centro da identidade do grupo local.
Os eventos monumentais de Hércules são considerados o começo da era dos heróis. Também se anexam a eles três grandes sucessos militares: a expedição argonáutica e a Guerra de Troia, como também a Guerra de Tebas.

Hércules e os Heráclidas



Certos estudiosos acreditam que, por de trás das complexas histórias que envolvem o mito de Hércules (ou Herácles), existiu um homem verdadeiro, talvez um senhor de vassalos em Argos. Outros sugerem que o mito de Hércules é uma alegoria da passagem anual do sol pelas doze constelações do zodíaco. Existe um terceiro grupo que acredita que o mito deriva de outras culturas, revelando que a história de Hércules é uma adaptação regional de mitos heróicos já estabelecidos anteriormente. Embora a existência de todas essas e muitas outras especulações, a tradição afirma que Hércules foi filho de Zeus com a mortal Alcmena, neta de Perseu. Suas fantásticas façanhas, que envolvem diversos temas folclóricos, proporcionaram muito material às lendas populares. É retratado como um sacrificador, um guerreiro dotado de imenso vigor físico, com força e proezas maravilhosas, protegido por armaduras e itens das quais utilizava com destreza, demonstrando superioridade às habilidades do homem mortal comum. Quanto à iconografia, nas artes visuais — pelo menos no período arcaico — Hércules sempre fora apresentado com barba, pele de leão e clava nas mãos, com grandes músculos expostos nas pernas e nos braços. Já no século IV, a popularidade do herói decresceu e, talvez um pouco por isso, suas características humanas foram reforçadas mais do que as heróicas, e passou a ser representado sem barba e frequentemente sem armas de combate.
Na literatura, Eurípedes escreveu a peça trágica Hércules (ou Hércules Enlouquecido, Hércules Furioso), onde explora o mito do herói, revelando sua conturbada existência, e sua vontade de cometer suicídio, mas que logo é encorajado a viver pelo amigo e rei de Atenas, Teseu. Na peça As Traquinianas, Hércules aparece aqui através da escrita de Sófocles. Esses dois textos da Grécia antiga, resguardados até os dias atuais, nos conferiram detalhes preciosos acerca dos mitos sobre o herói mais popular e interessante da mitologia grega.



Hércules atingiu o mais alto prestígio social através de sua nomeação como ancestro oficial dos reis dóricos. Isto serviu provavelmente como legitimação para as invasões dóricas no Peloponeso. Um exemplo disto é o herói mitológico Hilo, epônimo de uma tribo dórica, que se converteu em Heráclida (nome que recebiam os numerosos descendentes de Hércules, especialmente os descendentes de Hilo — outros Heráclidas existentes são Macária, Lamos, Manto, Tlepólemo e Télefo). Estes Heráclidas conquistaram os reinos peloponesos de Micenas, Esparta e Argos, alegando, segundo o mito, o direito de governá-los devido sua ascendência. A ascensão dos Heráclidas é muitas vezes denominada "Invasão Dórica" (ver artigo). Um fato interessante é que os reis lídios e, posteriormente, os reis macedôniso — como governantes de um mesmo reino — também passaram a ser Heráclidas.
Embora Hércules tenha morrido, como é destino de todo mortal, por conta de seu lado humano (derivado da mãe Alcmena), alguns gregos — especialmente Píndaro, que o chamava de "herói-deus" — acreditavam que, por conta de seu lado divino (advindo da descendência de Zeus), ele subiu ao Olimpo e tornou-se um deus. Sua figura lendária, portanto, permeou durante algum tempo uma simbologia voltada à terra, aos heróis, ao homem mortal, mas também atencionada ao céu, aos deuses, ao divino, ao perfeito, ao ideal. Essa figura mista que Hércules apresenta, em que o lado mortal e o lado divino se confundem, era muito reforçada em diversos cultos e sacrifícios realizados em Creta, onde os gregos ofereciam-lhe sacrifícios duplos, primeiramente como herói e, somente depois, como um ser divino.
Além das façanhas heróicas de Hércules, outros membros dessa primeira geração de heróis, como Perseu, Teseu, Deucalião e Belerofonte, realizaram feitos muito semelhantes a ele, sempre realizando-os solitariamente, sem nenhuma outra ajuda, o que aconteceu quando enfrentaram monstros como Quimera e Medusa em mitos que beiram à contos de fadas (esses combates solitários só apresentam ainda mais a capacidade sobrehumana dessas personagens). Enviar um herói a uma morte presumida é um tema frequente nesta primeira tradição heróica, como acontece nas lendas de Perseu e de Belerofonte.

Argonautas



Único épico helenístico conservado até os dias atuais, Argonautica, de Apolônio de Rodes, narra o mito da jornada de Jasão e os Argonautas para recuperarem o Velo de Ouro da mítica terra de Cólquida. Em Argonautica, Jasão é impelido à sua busca pelo rei Pélias, que havia recebido uma profecia onde um homem de sandálias se tornaria seu nêmesis. Jasão perde uma sandália em um rio da região, chegando na corte de Pélias e iniciando, assim, a epopeia. Quase todos os membros da seguinte geração de heróis, assim como Hércules, partiram com Jasão ao Argo para buscar o velo de ouro. Essa geração de heróis também inclui: o mito de Teseu, que partiu à Creta para enfrentar o Minotauro; Atalanta, a heroína feminina, Meleagro, que por sua vez tinha um ciclo épico que rivalizava com a Ilíada e a Odisseia, Idas, que lutou contra Apolo por Marpessa, os filhos de Boreas: Zeto e Calais, que desempenharam um importante papel na ilha de Fineu e na luta contra os Cinocéfalos, Laerte, pai de Ulisses e também Peleu, pai de Aquiles.
Píndaro, Apolônio e Apolodoro se esforçaram em dar listas detalhadas sobre os Argonautas.
Embora Apolônio tenha escrito seu poema no século III a.C, a composição da história dos argonautas é anterior à Odisseia, que demonstra familiaridades com os enredos de Jasão. Em épocas antigas, a expedição mítica era considerada como um fato histórico, um incidente na abertura do Mar Negro ao comércio e à colonização grega. Também tornou-se muito popular, cuja função vai desde a criação de novas lendas locais à inspiração de diversas tragédias gregas.

Casa de Atreu e Ciclo Tebano

Entre o Argo (capítulo anterior) e a Guerra de Troia (capítulo seguinte), houve uma geração conhecida por seus crimes. Isto inclui os feitos de Atreu e Tiestes em Argos. Atrás do mito da casa de Atreu (uma das principais dinastias heróicas juntamente com a Casa de Lábdaco), está o problema da devolução do poder e a forma de ascensão do trono. Os gêmeos Atreu e Tiéstes com seus descendentes desempenharam o papel de protagonistas na tragédia acerca da devolução de poder em Micenas.



O Ciclo Tebano trata dos sucessos associados especialmente à Cadmo, o fundador da cidade de Tebas, e, posteriormente, com os feitos de Laio e Édipo na mesma região; uma série de histórias que levaram ao saqueio final da cidade a mando dos Epigonis e d'Os Sete Contra Tebas (não se sabe se estes figuraram no épico original). Acerca de Édipo, os antigos relatos épicos têm seguido um padrão diferente (no qual ele continuou governando Tebas depois da revelação de que Jocasta era sua mãe e também posteriormente ao seu casamento com uma mulher que se converteu em mãe de seus filhos) do que conhecemos graças às tragédias — especialmente a mais famosa do assunto, Édipo Rei, de Sófocles — e aos relatos mitológicos posteriores a este texto antigo.

Guerra de Troia e consequências

A mitologia grega culmina na Guerra de Troia, a famosa luta entre os gregos e os troianos, incluindo suas causas e consequências. Nos trabalhos homéricos, as principais histórias já haviam tomado forma e substância, e os temas individuais foram elaborados mais tarde, especialmente dentro dos enredos dos dramas gregos. A Guerra de Troia adquiriu também um grande interesse para a cultura romana por conta das histórias de Enéas, herói troiano, cuja jornada à Troia levou a fundação da cidade que um dia se converteria em Roma, e é recontada por Vírgilio em Eneida (cujo Livro II contém o relato mais famoso do saqueio de Troia).
O Ciclo da Guerra de Troia, uma coleção de poemas épicos, começa com os sucessos que levaram a guerra: Éris e a maçã de ouro, o julgamento de Páris, o rapto de Helena, e o sacríficio de Ifigénia em Aulis. Para resgatar Helena, os gregos organizaram uma grande expedição abaixo do mando do irmão de Menelau, Agamemnon, rei de Argos ou de Micenas, mas os troianos não quiseram libertá-la. A Ilíada, que se desenrola no décimo ano da guerra, narra em uma de suas páginas o combate entre Agamemnon com Aquiles, que era até então o melhor guerreiro da Grécia, e também narra as consequências da morte de Pátroclo (amigo de Aquiles) e de Heitor, filho mais velho de Príamo. Antes da morte, se uniram aos troianos dois exóticos aliados: Pentesileia e Memnon.



Aquiles matou ambos, até Páris atingir seu calcanhar mortalmente com uma flecha (daí a expressão Calcanhar de Aquiles; para mais informações, veja o artigo do guerreiro). Antes de tomar Troia, os gregos tiveram que roubar da cidadela a imagem de madeira de Palas Atenas. Finalmente, com a ajuda de Atenas, eles construíram o Cavalo de Troia. Apesar das advertências de Cassandra (filha de Príamo), os gregos foram convencidos por Sinon — grego que, fingindo sua argumentação, conseguiu levar o gigantesco cavalo para dentro das muralhas de Atenas. O sacerdote Laocoonte tentou destruir o cavalo, mas acabou sendo impedido por serpentes marinhas que, com suas forças, o mataram. Ao anoitecer, a frota grega regressou e os guerreiros do cavalo abriram as portas da cidade.
O Ciclo Troiano proporcionou uma variedade de temas e se converteu em fonte principal de inspiração para os antigos artistas gregos (por exemplo, as métopas de Partenon representando o saqueio de Troia). Essa preferência artística pelos temas procedentes do ciclo troiano nos indica sua importância para a antiga civilização grega. O mesmo ciclo mitológico, posteriormente, também inspirou uma série de obras literárias da Europa. Os escritores europeus medievais troianos, desconhecedores da obra de Homero, encontraram na lenda de Troia uma rica fonte de histórias heróicas e românticas e um marco que encorajou seus próprios ideais cortesãos e cavalarescos. Alguns autores do século XII, como Benoît de Sainte-Maure (em seu Poema de Troia) e José Iscano (em seu De bello troiano), descrevem a guerra simplesmente reescrevendo a versão padrão que encontraram em Dictis e Dares, seguindo o conselho de Horácio e o exemplo de Virgílio: reescrever um poema de Troia com veracidade, em lugar de contar algo completamente novo.

Declínio

A mitologia estava no coração da vida quotidiana na Grécia Antiga. Os gregos consideravam toda a gama de enredos e personagens que hoje denominamos "mitologia grega" parte de sua história. Usavam o mito para explicar fenômenos naturais, variações de cultura, inimizades e amizades. Além disso, a mitologia serviu como fonte de orgulho para se traçar ascendência de grandes líderes e heróis mitológicos ou até mesmo deuses. Poucos eram os gregos que não criam nos relatos acerca da Guerra de Troia, da Ilíada e da Odisseia. De acordo com estudiosos como Victor Davis Hanson e John Heath, o conhecimento profundo da obra homérica era considerada pelos gregos a base de sua aculturação. Homero era a "educação da Grécia" (Ἑλλάδος παίδευσις) e sua poesia, "O Livro". Nas seções a seguir, veremos como gregos e romanos começaram a dar novas interpretações acerca das coisas, e como começaram a desacreditar dos poetas e dos dramaturgos. A figura do poeta era, sobretudo nos primeiros anos da era alfabetizada, a autoridade máxima, embora já nos tempos clássicos a sua posição tivesse mudado:
"Não acredito que os deuses se induljam em relações profanas; e para pôr vínculos nas mãos, eu nunca pensei ser digno de crença, nem serei agora tão persuadido, não mais acreditarei que um só deus seja dono e senhor de outro. Para a divindade, se realmente ela é uma divindade, não há desejos; isso não passa de miseráveis contos escritos por poetas." (Hércules para Teseu. Eurípides, Héracles 1340).



Embora o primeiro exemplo acima tenha sido dito por um personagem sobrehumano, Hércules, ao tentar aprofundar sua compreensão sobre os mitos gregos o próprio cidadão da Grécia antiga encontrou certas limitações e contradições nessas histórias, o que desencadeou em uma série de processos filosóficos. A filosofia surge justamente para compreender a verdade, mas de uma outra forma. Para a intelectual brasileira Marilena Chaui uma dessas contradições foi o fato de que os gregos começaram a realizar certas viagens marítimas e explorar algumas regiões das quais acreditavam serem habitadas por deuses, sendo que, quando a visitaram, puderam constatar que era povoada por outros seres humanos.
Outros estudiosos acreditam que os gregos, ao inventarem o calendário, conseguiram calcular o tempo como forma de prever e entender os estados térmicos e também o Sol, a chuva e outros fatores climáticos (vistos, anteriormente, como feitos divinos e incompreensíveis) e, assim, proporcionaram uma grande mudança na crença dos mitos. De forma semelhante, a invenção da moeda como forma de trocas abstratas e a escrita alfabética como forma de materialização de textos outrora propagados somente pela oratória, além da invenção da política para a exposição das opiniões sociais, seriam marcos da sociedade grega que, com o início dessa vida urbana e um tanto mais moderna, começou a tecer bases para o artesanato, o comércio e outras criações que começaram a desprezar os mitos.
Com essas mudanças, o homem veria em si mesmo uma necessidade de entendê-las e de desenvolvê-las, no que se criou a filosofia para suprir essa incompreensão. Pierre Grimal compartilha dessa ideia escrevendo:
"O mito se opõe ao logos como a fantasia à razão, como a palavra que narra à palavra que demonstra. Logos e mito são as duas metades da linguagem, duas funções igualmente fundamentais da vida do espírito. O logos sendo uma argumentação, pretende convencer. O logos é verdadeiro, no caso de ser justo e conforme à 'lógica'; é falso quando dissimula alguma burla secreta (sofisma). Mas o mito tem por finalidade apenas a si mesmo. Acredita-se ou não nele, conforme a própria vontade, mediante um ato de fé, caso pareça 'belo' ou verossímil, ou simplesmente porque se quer acreditar. O mito, assim, atrai em torno de si toda a parcela do irracional existente no pensamento humano; por sua própria natureza, é aparentado à arte, em todas as suas criações."



Há boa parcela de estudiosos modernos que crêem, portanto, que as habilidades poderosas de mudança saíram das mãos dos deuses imaginários e foram assumidas pelos homens antigos (e se estendem até nossos dias atuais, onde, por exemplo, acreditamos que uma administração política adequada — realizada e levada em frente pelos homens e não pelos deuses — pode resultar numa influência positiva nas sociedades, assim como uma administração inadequada resulta em influências negativas). Outros pensadores também atribuem à vinda do cristianismo o declínio do mito grego. Antonio Salatino escreveu:
"O cristianismo também representou o fim da mitologia, um processo que conduziu ao desenvolvimento do pensamento racional, favorecendo assim o desenvolvimento da ciência. Por seu turno, as conquistas científicas dos séculos 17 e 18 reforçaram a confiança na superioridade do ser humano e fortaleceram o suposto direito do homem, baseado em fundamentos religiosos, de domínio sobre a natureza. A sobrevalorização dos conhecimentos derivados da ciência e do mundo civilizado e a negação dos valores dos povos selvagens conquistados levaram à extinção das tradições e línguas de muitas nações nativas."
A astrologia, que, após a morte de Alexandre, o Grande, foi introduzida pela Mesopotâmia e pelo Egito antigo no mundo grego, chegou a um período de ouro na Roma imperial e contribuiu para a preservação dos mitos durante a Idade Média. Contudo, na própria Grécia clássica, o surgimento e a popularidade do racionalismo e da filosofia criaram até mesmo um debate entre a ideia de que os corpos celestes eram mesmo divindades em oposição à ideia de que eram meras pedras vagando pelo céu:
"A posição no presente é, como eu já disse, exatamente o oposto daquilo que foi quando aqueles que examinavam esses objetos os consideravam sem alma. Entretanto, mesmo então constituíam objetos de admiração, e a convicção que é agora realmente sustentada já era motivo de suspeita de todos que os estudavam acuradamente, a saber, que se fossem sem alma, e por conseguinte destituídos de intelecto, jamais obedeceriam a cálculos de precisão tão maravilhosos. E até naquela época havia quem ousava arriscar-se a afirmar que a razão é a ordenadora de tudo que está no céu. Mas os mesmos pensadores, num equívoco quanto à natureza da alma e concebendo-a como posterior e não anterior ao corpo, transtornaram, por assim dizer, todo o universo e, acima de tudo, eles próprios." (Platão. Leis 967b et seq.).

Concepções greco-romanas
Filosofia e mito

A filosofia nasce através do mito, mas a ele acaba se opondo. Ela surge no inicío do século - VI em Mileto, e estudiosos escrevem que vários fatores favoreceram este nascimento: "efervescência comercial, prosperidade material, contato com outras culturas avançadas, sistema de governo democrático e, finalmente, cidadãos com tempo livre para o estudo e a reflexão." De fato, ao passo que a filosofia nascia, a preocupação de seus primeiros homens (Tales, Anaximandro e Anaxímenes, os filósofos pré-socráticos), além daquelas de ordem astronômica, era descobrir ou meramente indagar qual seria o elemento primordial do universo e da natureza, aquele que deu origem ao mundo—célebre exemplo de quanto as concepções cosmológicas da mitologia grega estavam sendo postas de lado para serem substituídas por novos estudos acerca do assunto, dessa vez racionais. Nos finais do século V a.C., depois do auge da filosofia, da oratória, e da prosa, o destino e a veracidade dos mitos se tornaram incertos e as genealogias mitológicas deram lugar a uma nova concepção da origem das coisas, sendo que essa concepção tinha como prioridade a exclusão do supernatural (isto se mostra claro nas histórias tacidianas). Enquanto os poetas e dramaturgos elaboravam os mitos, os historiadores e os filósofos por vezes desprezavam-os e criticavam-os.



Certos filósofos radicais, como Xenófanes, começaram no século VI a. C. a rotular os textos dos poetas como blasfêmias. Queixava-se de que Homero e Hesíodo atribuiam aos deuses "tudo o que é vergonhoso e escandaloso entre os homens, pois os deuses roubam, matam, cometem adultério, e enganam uns aos outros". Essa linha de pensamento encontrou sua expressão mais dramática em A República (acerca da justiça, do universo e dos diversos tipos de governo) e em Leis (que trata da lei divina e natural, da educação e da relação entre filosofia, política e religião) de Platão. Platão criou os seus próprios mitos alegóricos (como o mito da caverna e o mito de Er em A República), atacando os contos tradicionais dos trucos, e tratando os furtos e os adultérios como imorais, opondo-se ao papel central que vinham tomando na literatura grega. A crítica de Platão - que rotulava os mitos de "palavrões antigos" - foi o primeiro exercício e desafio sério à tradição mitológica homérica. Aristóteles, por sua vez, criticou o enfoque filosófico pré-socrático quase-mitológico e destacou que "Hesíodo e os escritores telógicos estavam preocupados unicamente com o que lhes parecia plausível e não tinham respeito pelos outros [...] Mas não merece a pena tomar a sério os escritores que alardeiam o estilo mitológico; aqueles que procedem a demonstrar suas afirmações devem ser re-examinados". Mesmo no início do império da Roma, o livro Metamorfoses, do romano Ovídio, possui nos finais do poema um pseudo-discurso do filósofo e matemático grego Pitágoras que, reivindicando a vida após a morte, o vegetarianismo e a esperança, diz Porque temeis o Estige, as trevas e os nomes inexistentes, matéria para poetas [...], embora o discurso de Pitágoras escrito por Ovídio seja permeado por alusões a criaturas e deuses romanos como Juno, Lúcifer, Palante, Febo, Tíndaro, entre outros.
As explicações filosóficas gregas que pretendiam revisar as mitológicas criaram consequências drásticas para os seus autores: Anaxágoras, por exemplo, partiu para um auto-exílio fora de Atenas, por duvidar que a lua fosse uma deusa (explicação mitológica) e afirmar que, pelo contrário, vislumbrava em sua superfície mares e montanhas. Aristóteles, que não aceitava a explicação de que o titã Atlas carregava a terra e o céu nas costas (afirmação que rotulou de "ignorância e superstição do povo grego"), exilou-se por temer que terminasse como Sócrates, que obteve acusação de impiedade e morreu. Sócrates foi condenado com 71 anos, acusado, entre outras coisas, de ateísmo e de corromper os jovens gregos com seus ensinamentos. Meleto, poeta e um de seus acusadores, havia argumentado que "[...]Sócrates é culpado do crime de não reconhecer os deuses reconhecidos pelo Estado e de introduzir divindades novas; ele é ainda culpado de corromper a juventude. Castigo pedido: a morte". Sócrates, após ficar preso a ferros durante 30 dias, morreu num método de auto-envenenamento da prisão da época, ingerindo cicuta mas, antes de falecer, segundo Platão, incutiu uma dúvida a seus acusadores: "E agora chegou a hora de nós irmos, eu para morrer, vós para viver; quem de nós fica com a melhor parte ninguém sabe, exceto o Deus."
Essas perseguições se estenderam épocas depois, atingindo seu auge na Idade média (onde o cristianismo substituiu a filosofia) e declinando durante o Renascimento e principalmente no Iluminismo (onde a filosofia grega começava a ser retomada e revisada). Todavia, Platão não cuidou de separar si mesmo e sua sociedade da influência dos mitos: os estudiosos notam que sua própria caracterização de Sócrates baseia-se nos patronos tradicionais trágicos e homéricos, usados pelo filósofo para louvar o curso de vida e morte do seu mestre. Em Apologia de Sócrates, Platão prescreve o discurso dado supostamente por Sócrates em seu julgamento:

Mas talvez pudesse alguém dizer: "Não te envergonhas, Sócrates, de te aplicardes a tais ocupações, pelas quais agora está arriscado a morrer?" A isso, porei justo raciocínio, e é o seguinte: "não estás falando bem, meu caro, se acreditas que um homem, de qualquer utilidade, por menor que seja, deve fazer caso dos riscos de viver ou morrer, e, ao contrário, só deve considerar uma coisa: quando fizer o que quer que seja, deve considerar se faz coisa justa ou injusta, se está agindo como homem virtuoso ou desonesto. Porquanto, segundo a tua opinião, seriam desprezíveis todos aqueles semi-deuses que morreram em Troia. E, com eles, o filho de Tétis, o qual, para não sobreviver à vergonha, desprezou de tal modo o perigo que, desejoso de matar Heitor, não deu ouvido à predição de sua mãe, que era uma deusa, e a qual lhe deve ter dito mais ou menos isto:
Filho, se vingares a morte de teu amigo Pátroclo e matares Heitor,
tu mesmo morrerás, porque, imediatamente depois de Heitor, o teu destino estará terminado" (Hom. Il. 18.96)

Victor Davis Hanson e John Heath estimam que a rejeição de Platão acerca da tradição homérica não obteve boa recepção pela base da civilização grega. Nesta etapa, os mitos mais antigos se mantiveram em cultos locais e seguiram influenciando a poesia e constituindo o tema principal da pintura da Grécia antiga e da escultura da Grécia antiga. No teatro, de forma mais esportiva, Eurípedes elaborava intertextualidades com as antigas tradições e, embora suas personagens zombassem dos mitos tradicionais e duvidassem de boa parte deles, o foco dessas peças são completamente voltados aos mitos. A obra deste dramaturgo impugna principalmente os mitos sobre os deuses e inicia sua crítica à mitologia com um argumento similiar ao previamente expresso por Xenófanes: "os deuses, como são tradicionalmente representados, são grosseiramente antropomórficos".



Mitologia grega

Deuses primordiais | Ananke · Caos · Chronos · Érebo · Eros · Éter · Euríbia · Eurínome · Fanes · Gaia · Hemera · Nesoi · Nix · Ofíon · Óreas · Physis · Ponto · Tálassa · Tártaro · Urano.

Titãs | Cronos · Céos · Hipérion · Iápeto · Crio · Oceano · Reia · Febe · Teia · Tétis · Mnemosine · Têmis.

Segunda geração de Titãs | Atlas · Epimeteu · Menoécio · Prometeu · Astreu · Palas · Perses.

Deuses olímpicos | Afrodite · Apolo · Ares · Ártemis · Atena · Deméter · Dioniso · Hades · Hefesto · Hera · Hermes · Héstia · Posídon · Zeus.

Outros deuses | Adônis · Alburno · Alfeu · Asclépio · Astéria · Astreia · Bia · Circe · Cratos · Deimos · Diké · Dione · Ênio · Éolo · Eos · Eósforos · Éris · Fobos · Harmonia · Harpócrates · Hebe · Hécate · Hélio · Héspero · Hipnos · Ilítia · Íris · Leto · Macária · Maia · Métis · Mitra · Momo · Morfeu · Moros · Nêmesis · Nereu · Nice · Nomos · Orfeu · Pã · Péon · Perséfone · Perses · Proteu · Pluto · Psiquê · Quíron · Selene · Tânato · Tique · Zelo.

Semideuses | Ájax · Aquiles · Argonautas · Belerofonte · Édipo · Eneias · Heitor · Héracles · Jasão · Menelau · Odisseu · Orestes · Páris · Perseu · Teseu.

Raças | Centauros · Ciclopes · Ctónicos · Dragões · Erínias · Gigantes · Górgonas · Graças · Harpia · Hecatônquiros · Helíades · Horas · Lâmias · Ménades · Moiras · Musas · Ninfas · Nereidas · Oceânides · Plêiades · Sátiros · Semideuses · Ventos.

Lugares | Alfeu · Cócito · Delfos · Delos · Dídima · Dodona · Elêusis · Rio Estige · Flegetonte · Hades · Hiperbórea · Jardim das Hespérides · Lemnos · Lete · Monte Parnaso · Olímpia · Olimpo · Temiscira · Troia · Monte Ótris.

Pitonisas e Sibilas | Herófila · Peleiades · Pítia · Sibila de Cumas.

Pessoas | Équemo · Esopo · Íxion · Leda · Minos · Níobe · Penélope · Sísifo · Tântalo.

Heróis | Agamemnon • Ajax • Aquiles • Astíanax • Belerofonte • Heitor • Héracles • Jasão • Menelau • Neoptólemo • Odisseu • Orion • Pátroclo • Páris • Perseu • Príamo • Teseu.

Musas | Calíope · Clio · Erato · Euterpe · Melpômene · Polímnia · Tália · Terpsícore · Urânia.

Amazonas | Aela · Alcíbia · Amazonomaquia · Antíopa · Astéria · Celaeno · Guerra Ática · Hipólita · Labrys · Lampedo · Marpesia · Menalipe · Molpadia · Otrera · Pantariste · Pentesileia.

Episódios | Centauromaquia tessaliana · Doze trabalhos de Hércules · Gigantomaquia · Guerra de Troia · Odisseia · Titanomaquia.



Nesta minha pesquisa não incluí algumas seções, mas se desejas continuar lendo sobre:
  • Racionalismo helenístico e romano;
  • Tendências sincronatórias;
  • Interpretações modernas;
  • Enfoques comparativos e psicanalíticos;
  • Teorias da origem;
  • Legado e importância;
  • Educação e literatura;
  • Cultura: língua e atividade;
  • Preservação, humanismo, psicologia, antropologia;
  • Influência;
  •         • Artes:
              Europa e América do Norte;
              Brasil e Portugal;
  • Neopaganismo e resgate.
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    A Ira de DEUS - Discovery Channel

    05 junho 2012 0 comentários

    A Ira de Deus : Discovery Channel

    Natureza
    ou Deus?




    - A Bíblia contém algumas das melhores histórias de destruição que já se abateram sobre a humanidade, desde o Dilúvio de Noé até as dez pragas. Enquanto cientistas acreditam poder explicar as forças naturais por trás dessas narrativas, isso não significa que o mundo moderno esteja seguro.

    A Ira de Deus faz a pergunta -- como seria o Dilúvio Universal se acontecesse hoje? Ou as Dez Pragas do Egito? Ou a destruição de Sodoma e Gomorra? Este programa utiliza técnicas avançadas de investigação bíblica e computação gráfica de última geração para analisar estes desastres, reencená-los e visualizar cenários atuais.

    Além disso, também analisa eventos recentes que podem ser menores, equivalentes modernos dos antigos desastres naturais, para depois imaginá-los multiplicados por mil, ou dez mil, ou cem mil!

    A Ira de Deus combina ciência, história, tecnologia e arqueologia não apenas para desvendar os mistérios das catástrofes mais mortificantes da Bíblia, mas também para pintar quadros assustadores que imaginamos somente em nossos piores pesadelos. Cientistas especulam que na época bíblica, esses desastres devem ter causado mais de seis milhões de mortes. Hoje, essas catástrofes provocariam bilhões de mortes -- ou talvez a extinção em massa de populações humanas ao redor do globo.

    The Wrath of God -
    Discovery Channel

    The Bible contains some of the best stories of destruction that has descended upon mankind since the Flood of Noah to the ten plagues. While scientists believe can explain the natural forces behind these narratives does not mean that the modern world is safe.

    The Wrath of God asks the question - how would the Flood that happened today? Or the Ten Plagues of Egypt? Or the destruction of Sodom and Gomorrah? This program uses advanced techniques of biblical research and cutting-edge computer graphics to analyze these disasters, reenacts scenes and view them today.

    It also analyzes recent events that may be smaller, modern equivalents of ancient natural disasters, and then imagine them multiplied by a thousand or ten thousand, one hundred thousand!

    God's Wrath combines science, history, archeology and technology not only to unravel the mysteries of the more mortifying disasters of the Bible, but also to paint pictures scary that only imagine in our worst nightmares. Scientists speculate that in biblical times, these disasters should have caused more than six million deaths. Today, these disasters would cause billions of deaths - or perhaps a mass extinction of human populations around the globe.


    A Ira de DEUS -
    Discovery Channel

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